terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Sobre a sensação de fazer planos juntos.


Eu digo uma coisa - revelo - em nossas mentes, eu e o William já viajamos até o Canadá.

Seguidamente a gente se distrai e de repente já estamos com o pé-na-estrada.

Seja dentro de um fusquinha, fazendo uma trip até Florianópolis, eu, ele e o Billie (nosso filho cão), com uma barraca para emergências, parando em cada cidadezinha, conhecendo todo canto até chegar na pontinha da ilha da magia. Imaginamos tudo, tava tão gostoso, mesmo fritando dentro do fusca. Eu trouxe a ideia (adoro indiadas) e ele adorou. Pena que nos vem um choque de realidade e lembramos que só eu irei tirar férias neste verão.

Em outro momento a gente se imagina fazendo um intercâmbio juntos para o Canadá, estudar, conhecer outra cultura, congelar juntos e eu (é claro, óbvio) visitaria o trailer onde Christopher Mccandless viveu seus últimos dias em meio a natureza selvagem (Into the Wild), pois tenho uma fixação com essa história.

Certa vez a gente queria morar juntos na Cidade Baixa, eu me lembro que vi uns trocentos apartamentos, pois a dona Shayane quando se entusiasma com alguma coisa, começa uma busca obsessiva/compulsiva para realizar aquilo, mas na realidade eu sei que isso é uma decisão importante e não é do dia para a noite que simplesmente juntamos as coisas e digo:  - Adeus mãe, adeus casa. doce e cômodo lar. Estou indo viver com meu namorado  e aguentamos o que for.

Sabemos que a vida é cheia de reviravoltas, que se manter de verdade é bem complicado, sabemos que a rotina é desgastante, mas essa vontade ainda reside, mas ela será planejada e entrará em prática quando nos sentirmos confiantes que vamos conseguir manter as coisas de um jeito saudável em todos os sentidos.

Mas a parte mais legal de tudo isso é que em cada apartamento que eu via, cada cantinho deles eu imaginava aonde as coisas iriam ficar, como seria nosso dia-a-dia ali, colocar uma rede na sala, chegar cansada do trabalho, ganhar um beijo e me jogar no sofá, tomar uma cerveja no fim de tarde com os amigos, deixar o Billie solto pela casa, correndo e aloprando,a mini-hotinha que queriamos ter na sacada, etc. Essas mil-e-uma imaginações tornavam os planos e sonhos mais reais, mais próximos, não sei explicar, mas trazem uma sensação muito gostosa, peculiar.

Eu sei que muitas vezes fazer mil planos imaginários e encontrar uma barreira que os impeça pode ser frustante, mas acho muito melhor curtir a nossa "viagem" das imaginações do que me frustar sendo pessimista e pensando que nunca nada vai acontecer. Eu sei que cedo ou tarde as coisas vão acontecer, não exatamente como foi imaginado, serão melhor ainda.

Os sonhos são combustíveis, nos móvem, motivam a ir atrás das coisas, são a razão por nos acordarmos as 5 da manhã na segunda e ir,contente ou não, para o trabalho, pois sabemos que temos um propósito, se não tivermos sonhos não temos nada, nossas vidas não tem sentido.

Pretinho, já tem uma listinha de coisas pendentes, a nossa trip com o Billie, nossa viagem ao Uruguay, um show do Mumford and Sons, estudar juntos fora, uma mudança de cidade, voltar para a praia do Rosa, etc.

E que os nossos sonhos nunca se acabem, pois a estrada é longa e nossa viagem está apenas começando.



sábado, 14 de dezembro de 2013

Sabe, as vezes eu me pego pensando..


Será que sou só eu que leio um poema em voz alta, entonando a voz como se ele fosse meu, fazendo pausas leves em palavras suspirantes e às vezes até cai uma lágrima em meio à apropriação mútua de texto, leio como se tivesse saído de dentro de mim.

Será que sou a única, quando sentada no ônibus com um lugar vago ao meu lado, que me prendo entre um sentimento contraditório de não querer ninguém ao meu lado e ao mesmo tempo achar que quem não me escolhe para ser seu par de viajem está de certa forma me desprezando?

Será que sou a única que sente um nó agonizante na garganta quando se entrega ao orgulho e depois de dizer pela terceira vez que “AGORA NÃO VOU, E PRONTO!”  sente uma incontrolável vontade de ceder, soltar aquele sorriso e dizer “SIM VAMOS, EU QUERO MUITO!”, mas sabe, como se conhece muito bem, que este orgulho rabugento, este burro ariano que não quer ceder não consegue dizer tais palavrinhas mágicas e não vai desatar este nó tão cedo.

Será que esta aflição de ver o tempo escorrendo entre os dedos é só minha? O ano corre e eu me pego aqui de novo deitada na cama, olhando o ventilador e a timeline sem nada de novo, eu abro meu blog e percebo que não escrevo há meses e que a tal “inspiração” não vem. Percebo que não tenho mais nem paciência para ler, que meu corpo esta cansado, minha mente pesada, eu me olho e penso que o melhor de mim está se esvaindo e eu – infelizmente – estou deixando que tirem o melhor de mim.

As vezes tudo que eu queria, lá no fundo, é ter uma casinha de madeira, na beira de uma prainha, com um mar bem limpo e areia fofa, uns cachorros no pátio, correndo e latindo, uma mini hortinha no quintal e dormir escutando o barulho do mar. Só que nossa sociedade nos cria para termos “futuros brilhantes”, nós devemos sonhar e correr atrás a vida toda, mesmo que não consigamos, de uma vida bem sucedida, devemos ter um NOME a que chamar.

Eu sou o Médico Fulano de Tal, Eu sou o Advogado, Sou o Psicólogo, Sou o Engenheiro, Sou o Doutor..

E se eu simplesmente quiser ser a Shayane, que não fez uma revolução no mundo inteiro, mas que decidiu mandar no próprio mundo e acalmar a mente e tirar os pesos do mundo das costas? Eu tenho nítida, forte e pulsando firme a vontade e sonho de ser Psicóloga, disso eu sei que não vou abrir mão, mas eu sei os meus motivos por querer tanto, sei que não é o nome que quero carregar, não é o status e muito menos uma posição financeira. Mas eu sei também que não quero ser infeliz hoje para que um dia no futuro possa “de repente” ser feliz.

Esse cantinho na beira da praia ainda vai ser meu, isso é meu pedacinho de paraíso, não me venha com sonho pobrinho, eu quero aconchego, eu quero paz, tranquilidade, que as vozes da cidade se calem um instante e deixem essa onda caindo me acalmar. Que essa angústia no peito pare, mas só quando eu conseguir o que eu quero, não quero me conformar, não vou!

Eu sei que nem tudo esta perdido e  que eu não tenho que viver necessariamente como o resto do mundo diz que tem que ser.